A Rota Bioceânica ainda está em processo de implantação, mas seus efeitos já começam a se materializar em Campo Grande. A capital de Mato Grosso do Sul entra em uma nova fase de desenvolvimento e passa a ser considerada hub logístico do corredor que ligará o Brasil ao Oceano Pacífico, com o interesse de grandes empresas em instalar centros de distribuição estratégicos.
Segundo apurou o Correio do Estado, grandes players, incluindo marketplaces, estão entre os grupos que analisam a implantação de estruturas logísticas na Capital. Esses empreendimentos funcionariam como armazéns inteligentes, preparados para atender tanto o mercado nacional quanto os fluxos internacionais que surgirão com a integração rodoviária.
A movimentação foi confirmada pelo doutor em Economia Michel Constantino, consultor da Secretaria Municipal de Inovação, Desenvolvimento Econômico e Agronegócio (Semades). “Há essa prospecção e estão em fase de pedido de licenças na prefeitura. Mas não tenho os nomes [dos grupos]”, informou ao Correio do Estado.
Ainda de acordo com o economista, trata-se de um movimento estratégico que antecipa os impactos da Rota Bioceânica. “E coloca Campo Grande como polo central de logística no corredor que ligará o Brasil ao Pacífico”, afirmou.
O posicionamento da Capital no coração do corredor explica a atração de investimentos. A Rota Bioceânica terá início em Porto Murtinho, no sudoeste do Estado, atravessando o Paraguai e a Argentina até chegar aos portos do Chile.
Essa ligação permitirá que exportações brasileiras cheguem à Ásia com até 17 dias de economia no transporte, em comparação com a saída pelo Porto de Santos, segundo dados da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc).
Campo Grande, por estar no entroncamento de rodovias federais, próxima a ferrovias em expansão e a cerca de 430 quilômetros da ponte binacional sobre o Rio Paraguai, assume o papel de centralizar operações. Para Constantino, o momento é decisivo. “A cidade reúne localização estratégica, estrutura urbana e capacidade de atrair grandes players. A Rota Bioceânica transforma Campo Grande em protagonista da integração logística entre Brasil, Paraguai, Argentina e Chile”.
INVESTIMENTOS
Os centros de distribuição em análise não utilizarão áreas públicas. De acordo com Constantino, “não se trata de áreas públicas, mas de propriedades privadas”, adquiridas e destinadas pelas próprias empresas interessadas.
A expectativa é de que esses empreendimentos tragam impacto direto no mercado de trabalho, gerando centenas de empregos por centro instalado, além de movimentar cadeias indiretas como transporte, tecnologia, manutenção, segurança e serviços.
As obras que tornam viável a integração também avançam. O Correio do Estado já mostrou que a alça de acesso à ponte da Rota Bioceânica em Porto Murtinho está com 30% executados, conforme a Agência Estadual de Gestão de Empreendimentos (Agesul).
Enquanto a Ponte Internacional da Rota Bioceânica, que vai ligar o município sul-mato-grossense de Porto Murtinho a Carmelo Peralta, no Paraguai, já passa de 75% das obras concluídas. E deverá ser finalizada no segundo semestre de 2026.
Essa ponte, quando concluída, será a porta de entrada do Brasil no corredor internacional, consolidando Mato Grosso do Sul como protagonista do comércio entre Atlântico e Pacífico.
“Com a ponte internacional entre Porto Murtinho e Carmelo Peralta prevista para ser concluída em 2026, a Rota Bioceânica se consolida como um projeto estratégico para o desenvolvimento regional, abrindo novas perspectivas de comércio, investimentos e geração de empregos para Mato Grosso do Sul e para o Brasil”, disse durante evento no início deste mês, o titular da Semadesc, Jaime Verruck.
CORREDOR
A Rota Bioceânica é um corredor rodoviário internacional de mais de 2.400 km que conecta os oceanos Atlântico e Pacífico, passando por Brasil, Paraguai, Argentina e Chile. A iniciativa tem como objetivo reduzir o tempo e o custo do transporte de mercadorias entre os países do Mercosul e os mercados asiáticos, via portos do norte do Chile.
A expectativa é de uma redução de até 30% nos custos logísticos, e de 15 a 17 dias no tempo de transporte em relação à rota marítima tradicional pelo Canal do Panamá.
Fonte: correiodoestado.com.br
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