Com a morte de duas crianças registradas na primeira semana de agosto, após serem picadas por escorpião, a Secretaria de Estado de Saúde de Mato Grosso do Sul (SES) se diz preparada para atendimento contra o animal, com estrutura, monitoramento e soro antiescorpiônico, disponível nos 67 municípios de Mato Grosso do Sul, para atender as vítimas.
Apesar da fatalidade, o coordenador da Vigilância em Saúde Ambiental da SES, Karyston Adriel Machado da Costa, destaca que ambos receberam o tratamento adequado e dentro do tempo recomendado.
“Infelizmente, perdemos duas crianças recentemente, o que reforça a importância de mantermos a vigilância ativa e o apoio técnico aos municípios. Estamos constantemente reforçando a estrutura da rede hospitalar com a disponibilização do soro antiescorpiônico, que está disponível em unidades de referência de todas as regiões, garantindo atendimento rápido e adequado em casos graves”, explicou.
Embora a maioria dos acidentes seja de baixa gravidade, os casos mais severos têm um perfil que exige atenção: 60% envolvem crianças menores de 10 anos. Só na primeira semana de agosto, duas crianças perderam a vida por picadas de escorpião.
No dia 3 de agosto, Valentina Macedo, de 8 anos, morreu após ser picada enquanto brincava com a irmã no quintal de casa, em Chapadão do Sul. A menina, internada desde 29 de julho, foi transferida para o Hospital Regional Rosa Pedrossian, em Campo Grande, mas não resistiu.
Em seguida, no dia 6 de agosto, Adryan Souza Martins, também de 8 anos, foi picado por um escorpião escondido dentro do tênis durante um casamento em Naviraí. Inicialmente atendido no hospital da cidade, foi transferido à UTI do Hospital Universitário de Dourados, onde faleceu.
Soro antiescorpiônico disponível em 67 municípios Conforme a SES, o soro antiescorpiônico está disponível em unidades hospitalares de 67 municípios, incluindo o Hospital Regional de Mato Grosso do Sul (HRMS) em Campo Grande, além de locais com alta incidência, como Três Lagoas, Corumbá e Dourados. A SES também mantém o Ciatox (Centro de Informação e Assistência Toxicológica), que oferece apoio técnico 24h a profissionais de saúde e à população.
O acompanhamento dos casos é feito pela Vigilância em Saúde Ambiental, com base em notificações do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan). Além dos escorpiões, também são monitorados outros animais peçonhentos, como cobras e abelhas, que ganham maior atividade nos meses quentes.
“O Estado trabalha com um modelo de vigilância contínua e descentralizada. É importante entender que não é possível erradicar a população de escorpiões, mas podemos reduzir os riscos por meio da educação ambiental e práticas preventivas simples”, ressalta o biólogo Isaías Pinheiro.
Estatísticas
Entre agosto e novembro, quando as temperaturas se elevam e a umidade aumenta, a incidência de acidentes sobe consideravelmente — uma tendência observada de forma consistente nos últimos anos. De acordo com a SES, somente em 2025, até julho, foram notificados 3.436 casos, com a expectativa de crescimento nas próximas semanas.
“Os acidentes com escorpiões apresentam uma sazonalidade bem marcada. Durante os meses frios, os casos costumam diminuir. Mas, com o fim do inverno e o início do calor, como agora em agosto, começamos a observar um aumento nos registros. Isso se deve a fatores ambientais, como o aumento da temperatura e da umidade, que favorecem a atividade dos escorpiões, especialmente por ser também o período reprodutivo desses animais”, completa Isaias.
O histórico recente é alarmante: em 2020, foram 2.952 ocorrências; em 2023, esse número saltou para 5.303. Campo Grande lidera as estatísticas, seguida por Três Lagoas e Dourados.
Entre as práticas recomendadas estão: Manter camas afastadas das paredes; Não deixar cobertores encostando no chão; Verificar lençóis, roupas e calçados antes de usá-los; Fechar ralos e tampar pias e tanques; Evitar acúmulo de entulho e materiais que sirvam de abrigo; Controlar baratas — alimento de escorpiões — com dedetização periódica (3 a 6 meses) Em caso de acidentes, o que fazer? Lave o local: Use água e sabão para limpar a área da picada. Compressa morna: Aplique uma compressa morna para ajudar a aliviar a dor. Procure atendimento médico: Vá imediatamente ao hospital mais próximo, especialmente se for uma criança ou idoso. Leve o escorpião (se possível): Se conseguir capturar o escorpião ou tirar uma foto, leve-o para identificação, o que ajudará na escolha do tratamento correto. Não aplique gelo: Evite usar gelo ou água fria, pois pode piorar a dor. Não use torniquetes: Não faça torniquetes ou incisões na área da picada. Não use substâncias: Não aplique produtos como querosene ou álcool no local. Mantenha a calma: Evite movimentos bruscos para não acelerar a disseminação do veneno. Repouso e hidratação: Mantenha o paciente em repouso e garanta a hidratação.
Fonte: correiodoestado.com.br
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