A multinacional chilena Arauco anunciou nesta quinta-feira (21) a captação de US$ 2,2 bilhões (R$ 12 bilhões, na cotação do dia) para financiar o Projeto Sucuriú, que inclui a maior fábrica de celulose em uma única linha, em construção em Inocência (MS).
A Arauco informou ao Correio do Estado que a transação envolve um pacote abrangente de financiamento, cuja coordenação global da operação foi feita pelo banco JP Morgan.
O financiamento inclui um empréstimo de US$ 1,25 bilhão, co-liderado pelo BID Invest (um braço do Banco Interamericano de Desenvolvimento) e pela IFC (braço do Banco Mundial), incluindo oito bancos participantes, e US$ 970 milhões em financiamento da Agência de Crédito à Exportação, garantido pela Finnvera (o banco de fomento da Finlândia).
O Projeto Sucuriú, que inclui uma megafábrica de celulose com capacidade para processar 3,5 milhões de toneladas por ano em uma única linha de produção, terá investimentos de US$ 4,6 bilhões ao todo. A operação de financiamento conquistada pela Arauco praticamente banca metade da obra.
A construção da megafábrica de celulose em Inocência é um dos maiores investimentos privados do Brasil e da América do Sul em andamento no momento.
“Como o país mais competitivo na produção de celulose, o Brasil oferece terreno fértil para o manejo florestal sustentável e para o crescimento industrial. O Projeto Sucuriú aproveitará esse potencial, impulsionando a competitividade e a sustentabilidade no setor de celulose do país”, informou a Arauco.
O projeto integra tecnologias de ponta e práticas sustentáveis, além de enfrentar desafios-chave de desenvolvimento ao fortalecer a produtividade industrial, aumentar as exportações e promover materiais regenerativos e energia renovável”, complementou.
Além de produzir milhões de toneladas de celulose, a megafábrica de Inocência, quando pronta, ainda vai produzir 400 MW de energia — mais energia gerada que algumas termelétricas e pequenas hidrelétricas — e aproveitará parte dessa energia na própria operação, injetando o restante no sistema.
“O envolvimento das instituições multilaterais e da agência de crédito à exportação alinha o compliance com padrões ambientais e sociais internacionais, aumenta o engajamento de atores-chave e apoia os serviços de consultoria técnica nas áreas de clima, social e da cadeia de valor. Por meio desse investimento estratégico, os financiadores reforçam seu compromisso com o desenvolvimento industrial sustentável e o crescimento liderado pelo setor privado no Brasil”, informou a Arauco em comunicado.
As obras
As obras da Arauco, iniciadas no ano passado, devem ser concluídas até o fim de 2027. Quando pronta, a fábrica irá gerar 6 mil empregos. Durante a construção, pelo menos 14 mil pessoas devem trabalhar ao mesmo tempo no canteiro, no pico das obras.
A movimentação colossal de profissionais e de recursos também gera efeitos colaterais. Um primeiro calote de uma empresa terceirizada contra uma quarteirizada veio à tona na semana passada, divulgado em primeira mão pelo Correio do Estado.
Calotes também foram vistos na construção de outra megafábrica, a da Suzano em Ribas do Rio Pardo (atualmente a maior do mundo), inaugurada no ano passado.
Calote em quarteirizada
No caso mais recente, em Inocência, a empresa que fornece alimentação coletiva, a Dom Chef, executa na Justiça a FPM, que arrendou sua estrutura para fornecer milhares de refeições diárias — café, almoço e jantar — aos trabalhadores da Arauco e de terceirizadas que atuam no canteiro de obras do Projeto Sucuriú.
A Dom Chef apontou um calote da FPM no valor de R$ 663 mil e recorreu à Justiça para receber esses valores, em ação na qual figuram como partes o Consórcio MLC Aterpa, que executa a obra, e a própria multinacional chilena Arauco, apontada como devedora solidária, por ser a principal beneficiária dos serviços prestados no canteiro.
A FPM, segundo documentos e notas fiscais apresentados pela Dom Chef, faturou, entre agosto de 2024 e junho deste ano, R$ 23,5 milhões com a venda de refeições aos trabalhadores no canteiro de obras do Projeto Sucuriú, a megafábrica de celulose da Arauco.
O contrato entre as duas empresas, supervisionado pelo Consórcio MLC Aterpa e cujo beneficiário é a Arauco, estabelece que a Dom Chef ficaria com 5% do total faturado pela FPM com a venda de refeições.
A alegação da Dom Chef é de que o valor devido pela FPM no período é de R$ 1,17 milhão, mas que somente R$ 546 mil foram pagos, restando ainda R$ 663 mil em aberto.
A empresa FPM, originária de Maceió (AL), mas que constituiu sede em Mato Grosso do Sul para fornecer as refeições, segundo acusa a Dom Chef, está inadimplente no contrato desde janeiro deste ano.
Fonte: correiodoestado.com.br
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