Dados divulgados nesta segunda-feira (15) pela Agência Nacional de Transporte Aquaviário (Antaq) revelam que o volume de cargas transportado pela hidrovia do Rio Paraguai nos sete primeiros meses de 2025 foi o maior da história, superando inclusive os números de 2023.
Nos sete primeiros meses passaram 5,64 milhões de toneladas, ante 5,40 milhões em igual período de 2023, que até então era o ano com o maior movimento de carga e descarga nos portos de Corumbá, Ladário e Porto Murtinho. Aquele ano fechou com 7,44 milhões de toneldas. Mas, com o rito atual, de 805 mil toneladas mensais, a tendência é de que o volume em 2025 ultrapasse as 9,5 milhões de toneladas.
Na comparação com as 2,61 milhões de toneladas do ano passado, período de seca histórica no Rio Paraguai, o aumento nos sete primeiros meses do ano é de 115,5%. Somente em julho deste ano foram despachados 1,091 milhão de toneladas, o segundo maior volume da série histórica. Só em maio de 2023 o volume foi maior, com 1,110 milhão de toneladas.
Assim como nos anos anteriores, o minério de ferro despachado de Corumbá e Ladário é o principal produto que passou pela hidrovia, com 5,1 milhões de toneladas. Isso equivale a cerca de 100 mil carretas de nove eixos, que, em média, levam 50 toneladas cada uma. O minério desce pelo rio até o Uruguai e lá é remanejado para navios cargueiros maiores e levado à Ásia, Estados Unidos e Europa.
Além do interesse internacional pelo minério de ferro, o principal fator para aumentou ou diminuicão no volume transportado é o nível do Rio Paraguai. Nesta terça-feira (16) ele estava em 2,61 metros na régua de Ladário, que serve de referência.
Com esta quantidade de água os comboios ainda tem condições de operar com carga plena. No ano passado, nesta mesma data, o rio estava 36 centímetros abaixo de zero nesta mesma régua. Depois que o rio fica abaixo de 1,5 metro os comboios passam a operar com carga parcial. Quando o nível fica abaixo de um metro em Ladário, o transporte é praticamente suspenso.
No ano passado, o nível do rio ficou abaixo de um metro entre o final de junho e a última semana de dezembro, forçando a interrupção quase total do transporte durante seis mses.
Desde o começo de setembro o rio está baixando, em média, dois centímetros por dia. Neste ritmo de queda, a tendência é de que o transporte seja mantido dentro da normalidade por mais dois meses.
E, como o período de chuvas está prestes a começar (setembro) é possível que nem mesmo ocorra interrupção no escoamento dos minérios neste ano, uma vez que historicamente o rio começa a subir em meados de outubro. Mas isso quando as chuvas ocorrem dentro da normalidade no sul de Mato Grosso e na região norte de Mato Grosso do Sul.
DRAGAGEM
O transporte em períodos de estiagem precisa ser suspenso principalmente por conta de quatro bancos de areia. Em julho do ano passado chegaram a ser anunciados trabalhos de dragagem de manutenção para remover esta areia no fundo do rio.
Porém, o Ibama negou a autorização e exigiu estudos de impacto ambiental, que se estendem por pelo menos dois anos para serem concluídos. Com a dragagem, o transporte seria possível durante o ano inteiro, inclusive em períodos de estiagem mais prolongada.
E para melhorar as condições de navegabilidade, elevando para até 25 milhões de toneladas por ano, o ministério dos Portos e Aeroportos pretende “privatizar” a hidrovia. O projeto original previa que esta concessão ocorresse até o fim de 2025.
Porém, o projeto deve ficar para o próximo ano. Em nota enviada ao Correio do Estado, o Ministério de Portos e Aeroportos reforçou que o processo é pioneiro no País e, justamente por isso, demanda cuidados adicionais.
“O processo de concessão de hidrovias é uma iniciativa inédita no Brasil e, por seu caráter pioneiro, demanda cuidados técnicos, regulatórios e institucionais específicos”, afirmou a Pasta.
Fonte: correiodoestado.com.br
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