Segundo o 'New York Times', a situação não tem paralelo na história dos EUA, e especialistas apontam graves dilemas éticos. Muitos dos funcionários do Departamento de Justiça responsáveis por aprovar os pagamentos foram indicados pelo republicano e atuaram como advogados do presidente.
O presidente dos EUA, Donald Trump, está cobrando US$ 230 milhões (o equivalente a R$ 1,238 bilhão) do Departamento de Justiça em compensação pelas investigações federais que o tinham como alvo durante o governo anterior, do democrata Joe Biden.
As informações são do jornal "The New York Times", o qual afirma que "a situação não tem paralelo na história dos EUA".
Especialistas entrevistados pela reportagem apontam também que a situação impõe graves dilemas éticos, já que os funcionários do Departamento de Justiça que teriam de aprovar tais pagamentos foram indicados por Trump ou por seus aliados, e muitos deles trabalharam como advogados de defesa do presidente antes de ele voltar à Casa Branca.
Trump busca ressarcimento por supostas violações contra seus direitos em duas investigações conduzidas durante governo Biden, segundo o "Times". Uma delas tem relação com as suspeitas de interferência da Rússia nas eleições presidenciais americanas de 2016, a primeira vencida por Trump.
Todas as investigações contra Trump foram encerradas pela Justiça dos EUA após o seu retorno à Casa Branca.
Segundo funcionários do Departamento de Justiça que falaram com a reportagem do "Times" sob anonimato, Trump também acusa a pasta, sob o governo Biden, de perseguição ao acusá-lo de manipulação indevida de documentos oficiais após deixar a Presidência.
Trump apresentou um requerimento administrativo, que é uma reclamação feita a um órgão do governo. Caso a reivindicação não seja atendida, ou não haja um acordo, o cidadão pode entrar com um processo na Justiça.
No último dia 15, durante uma solenidade no Salão Oval, Trump fez referência à situação: “Tenho um processo que estava indo muito bem, e quando me tornei presidente, pensei: vou me processar. Não sei como resolver o processo, vou dizer: Me deem X dólares, e não sei o que fazer com o processo”, disse. "Parece meio ruim, vou processar a mim mesmo, certo? Então, não sei. Mas foi um processo muito forte, muito poderoso", completou.
Conflito ético
"O conflito ético é tão básico e fundamental que não é preciso um professor de direito para explicá-lo", disse ao jornal americano o professor de ética Bennett L. Gershman, da universidade Pace.
"E então ter pessoas no Departamento de Justiça decidindo se sua reivindicação deve ser bem-sucedida ou não, e essas são as pessoas que reportam a ele decidindo se ele ganha ou perde. É bizarro e quase absurdo demais para acreditar."
Fonte: g1.globo.com
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