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Cessar-fogo por um fio: Israel e Trump dão ultimato ao Hamas sobre reféns

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Netanyahu durante coletiva à imprensa na Casa Branca, após encontro com Trump.

Foto: Jim Watson / AFP

Donald Trump dobra a aposta e dá prazo para que reféns sejam libertados pelo Hamas, que anunciou a suspensão das libertações na segunda-feira (10)

As tensões no acordo de cessar-fogo entre Israel e o Hamas continuam escalando, agora sob uma nova ameaça do presidente dos EUA, Donald Trump.

Após lançar um plano de tomar posse e reconstruir Gaza, Trump agora afirmou que o cessar-fogo deve ser cancelado se os reféns mantidos pelo Hamas não forem libertados até o meio dia do próximo sábado (15), um ultimato endossado por Israel.

"O inferno vai explodir", disse o presidente americano a repórteres nesta terça-feira (11). "O Hamas descobrirá o que quero dizer."

No último sábado (8), o Hamas libertou três reféns israelenses de Gaza, e Israel libertou 183 prisioneiros palestinos, como parte do acordo.

O governo de Israel, no entanto, chamou a atenção para o estado dos prisioneiros, muito magros, abatidos e "famintos", segundo disse o presidente israelense, Isaac Herzog.

A próxima libertação de reféns estava marcada para o próximo sábado, com outros três israelenses sendo entregues, mas o Hamas surpreendeu enviando uma mensagem pelo Telegram, na segunda-feira, avisando que suspenderia a libertação de mais reféns israelenses "até novo aviso".

O Hamas justificou a suspensão acusando Israel de "atrasar o retorno de pessoas deslocadas ao norte de Gaza", "atingindo-as com bombardeios e tiros em várias áreas da Faixa" e de violar o acordo sobre suprimentos de ajuda.

Em resposta, Israel acusou o Hamas de uma "violação completa do acordo de cessar-fogo e do acordo para libertar os reféns".

O repórter da BBC Wyre Davies escreveu, de Jerusalém, que o anúncio do Hamas, embora não tenha feito referência a Trump, pode ter sido uma forma de responder às propostas controversas do presidente americano para o futuro de Gaza.

Nesta terça-feira, após a escalada das tensões, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, endureceu o discurso e endossou Trump, afirmando "indignação com a situação chocante" dos três reféns libertados no sábado.

"Todos nós também acolhemos a demanda do presidente Trump pela libertação de nossos reféns até o meio-dia de sábado, e todos nós também acolhemos a visão revolucionária do presidente para o futuro de Gaza", afirmou Netanyahu.

"A decisão que aprovei por unanimidade no gabinete é esta: se o Hamas não devolver nossos reféns até o meio-dia de sábado, o cessar-fogo será encerrado, e as IDF [Forças de Defesa de Israel, nas siglas em inglês] retornarão à luta intensa até que o Hamas seja finalmente derrotado."

Na semana passada, em uma entrevista conjunta com Netanyahu na Casa Branca, Trump sugeriu que seu país poderia "assumir" a Faixa de Gaza e reerguer o território palestino até ele se tornar a "Riviera do Oriente Médio".

O americano afirmou que vislumbra a suposta tomada do território pelos EUA como uma ocupação a "longo prazo".

"Possuir aquele pedaço de terra, desenvolvê-lo, criar milhares de empregos. Vai ser realmente magnífico", afirmou Trump.

Ele sugeriu também que os palestinos poderiam ser levados para fora de Gaza enquanto o território fosse restabelecido, indicando o Egito e Jordânia como possíveis destinos.

A proposta foi recebida com indignação e repúdio por líderes palestinos e países árabes em geral.

Netanyahu afirmou, por sua vez, que os planos de Trump são uma ideia "que vale a pena se prestar atenção".

"Acho que é algo que poderia mudar a história." Ainda na segunda-feira, o ministro da Defesa de Israel, Israel Katz, classificou a atitude do Hamas de uma "violação completa ao acordo de cessar-fogo e do acordo para libertar reféns".

Katz ainda afirmou que o exército israelense está preparado para "qualquer cenário possível" em Gaza.

A escalada das tensões coloca o acordo de cessar-fogo em uma "crescente pressão", como escreveu Paul Adams, correspondente diplomático da BBC.

Adams lembra que as negociações sobre a fase dois do cessar-fogo ainda não começaram. "Na esteira da insistência do presidente Trump de que todos os palestinos devem sair e que os EUA pretendem assumir e reconstruir a Faixa de Gaza, o Hamas pode estar se perguntando o que há para negociar."

"É muito cedo para dizer se esse processo cuidadosamente negociado e encenado está prestes a entrar em colapso — como muitos previram que aconteceria — mas, após um início majoritariamente positivo, ele está sob crescente pressão."

"Para os palestinos, a perspectiva é assustadora", escreveu Yolande Knell, correspondente da BBC para o Oriente Médio. "E as famílias dos reféns israelenses, que realizaram protestos em Tel Aviv na segunda-feira a noite, estão em crescente angústia".

Fonte: g1.globo.com

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