Luana Cristina Ferreira Alves, de 32 anos — assassinada com 11 facadas por Gilson Castelan de Souza — implorou pela vida aos vizinhos na noite desta terça-feira (28). Ela morreu no pátio de uma empresa de máquinas, no Jardim Colúmbia, em Campo Grande. O autor foi preso logo após o crime, quando tentava fugir a pé pela Avenida Cônsul Assaf Trad. Ele era procurado há 3 anos por outro feminicídio, cometido em Mato Grosso.
Na manhã desta quarta (29), o Jornal Midiamax ouviu relatos de vizinhos que viram Luana fugindo e implorando por socorro após as facadas. Moradores contaram que a vítima correu ensanguentada até a varanda de uma casa, pedindo ajuda, momento em que o morador chamou pela filha.
“Ela sentou na cadeira toda ensanguentada… Tinha sangue no rosto, na blusa preta e na calça marrom. Meu pai que viu e me chamou”, contou a mulher. Então, a moradora foi até Luana, ouviu suas últimas palavras e acionou o socorro. “Ela me disse que veio fazer um programa com o rapaz. A última coisa que ela disse foi: ‘Por favor, não me deixe morrer!’”, relatou a moradora.
O Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) esteve no local e realizou manobras de reanimação, mas Luana não resistiu e morreu. Foi constatado que ela apresentava 11 ferimentos provocados por faca na região das costas, do pescoço e do crânio.
Ainda no local, foi relatado à reportagem que a empresa onde ocorreu o feminicídio estaria funcionando há dois meses e que autor estaria residindo por ali no mesmo período. “A empresa funciona aí há uns dois meses só. Desde que abriu o rapaz mora aí mesmo”, revelou um vizinho.
A empresa estava fechada na manhã desta quarta (29), e a equipe de reportagem não localizou nenhum proprietário.
32º feminicídio
Segundo o boletim de ocorrência, a PM foi acionada na noite desta terça-feira (28) para o Jardim Colúmbia, em Campo Grande, com a informação de que uma mulher havia sido esfaqueada na esquina de sua casa e pedia por socorro. Logo, os militares foram até o local, onde encontraram Luana com sangramento intenso e implorando por socorro em uma casa.
Na ocasião, uma testemunha contou que Luana adentrou sua varanda pedindo por ajuda, sentou-se em uma cadeira, mas caiu ao chão na entrada do imóvel.
Em seguida, outras três testemunhas foram identificadas e relataram que o autor desferiu vários golpes de faca contra a mulher enquanto ela estava sentada na varanda do pátio de uma empresa de máquinas.
Após o primeiro golpe da faca, Luana tentou fugir, mas foi atingida nas costas. Um dos funcionários da empresa tentou intervir, enquanto os outros dois correram. Gilson fugiu a pé e foi flagrado por câmeras de segurança em direção ao centro da cidade.
Prisão e confissão
Logo, o proprietário da empresa de máquinas esteve no local e afirmou aos militares que fez contato telefônico com Gilson. Ao empresário, o homem admitiu a autoria do feminicídio, disse que estava na Avenida Cônsul Assaf Trad e enviou um áudio de confissão.
Diante disso, os policiais iniciaram diligências e encontraram o homem caminhando no cruzamento da avenida com a Rua Júlio Prestes, com um celular e uma faca na cintura. Ele foi abordado, confessou o crime novamente, mas resistiu à prisão e passou a lutar com os policiais. No local, foi necessário uso do spray de pimenta para conter Gilson, que foi preso e encaminhado para a Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher).
Além da PM, equipes da Deam e da Perícia foram acionadas para os levantamentos no local. Foi orientado que os funcionários da empresa de máquinas não alterassem a cena do crime, mas o pátio foi limpado mesmo assim.
Luana é a 32ª vítima de feminicídio em Mato Grosso do Sul neste ano de 2025 e deixa cinco filhos menores. A última vítima de feminicídio no estado foi Solene Aparecida Corrêa, morta asfixiada pela companheira, Laura Rosa Gonçalves, em Três Lagoas, no dia 21 de outubro.
Lista de feminicídios em MS em 2025: Karina Corim (Caarapó) – 4 de fevereiro; Vanessa Ricarte (Campo Grande) – 12 de fevereiro; Juliana Domingues (Dourados) – 18 de fevereiro; Mirielle dos Santos (Água Clara) – 22 de fevereiro; Emiliana Mendes (Juti) – 24 de fevereiro; Gisele Cristina Oliskowiski (Campo Grande) – 1º de março; Alessandra da Silva Arruda (Nioaque) – 29 de março; Ivone Barbosa (Sidrolândia) – 17 abril; Thácia Paula (Cassilândia) – 11 de maio; Simone da Silva (Itaquiraí) – 14 de maio; Olizandra Vera Cano (Coronel Sapucaí) – 23 de maio; Graciane de Sousa Silva (Angélica) – 25 de maio; Vanessa Eugênio Medeiros (Campo Grande) – 28 de maio; Sophie Eugenia Borges, filha de Vanessa Eugênio Medeiros (Campo Grande) – 28 de maio; Eliana Guanes (Corumbá) – 6 de junho; Doralice da Silva (Maracaju) – 20 de junho; Rose (Costa Rica) – 27 de junho; Michely Rios Midon Orue (Glória de Dourados) – 3 de julho; Juliete Vieira – (Naviraí) – 25 de julho; Cinira de Brito (Ribas do Rio Pardo) – 31 de julho; Salvadora Pereira (Corumbá) – 2 de agosto; Letícia Ananias de Jesus (Cassilândia) – 8 de agosto; Dahiana Ferreira Bobadilla (Assassinada no Paraguai, mas encontrada em Bela Vista) — 8 de agosto; Érica Regina Mota (Bataguassu) – 27 de agosto; Dayane Garcia (Nova Alvorada do Sul) – 3 de setembro; Iracema Rosa da Silva (Dois Irmãos do Buriti) – 8 de setembro; Ana Taniely Gonzaga de Lima – 13 de setembro; Gisele da Silva Cylis Saochine (Campo Grande) – 2 de outubro; Erivelte Barbosa Lima de Souza (Paranaíba) – 10 de outubro; Andrea Ferreira (Bandeirantes) – 12 de outubro; Solene Aparecida Corrêa (Três Lagoas) – 21 de outubro; Luana Cristina Ferreira Alves (Campo Grande) – 28 de outubro.
Onde buscar ajuda em MS
Em Campo Grande, a Casa da Mulher Brasileira está localizada na Rua Brasília, s/n, no Jardim Imá, 24 horas por dia, inclusive aos fins de semana.
Além da Deam, funcionam na Casa da Mulher Brasileira a Defensoria Pública; o Ministério Público; a Vara Judicial de Medidas Protetivas; atendimento social e psicológico; alojamento; espaço de cuidado das crianças – brinquedoteca; Patrulha Maria da Penha; e Guarda Municipal. É possível ligar para 153.
Existem ainda dois números para contato: 180, que garante o anonimato de quem liga, e o 190. Importante lembrar que a Central de Atendimento à Mulher – 180 é um canal de atendimento telefônico, com foco no acolhimento, na orientação e no encaminhamento para os diversos serviços da rede de enfrentamento à violência contra as mulheres em todo o Brasil, mas não serve para emergências.
As ligações para o número 180 podem ser feitas por telefone móvel ou fixo, particular ou público. O serviço funciona 24 horas por dia, 7 dias por semana, inclusive durante os fins de semana e feriados, já que a violência contra a mulher é um problema sério no Brasil.
Já no Promuse, o número de telefone para ligações e mensagens via WhatsApp é o (67) 99180-0542.
Confira a localização das DAMs, no interior, clicando aqui. Elas estão localizadas nos municípios de Aquidauana, Bataguassu, Corumbá, Coxim, Dourados, Fátima do Sul, Jardim, Naviraí, Nova Andradina, Paranaíba, Ponta Porã e Três Lagoas.
Quando a Polícia Civil atua com deszelo, má vontade ou comete erros, é possível denunciar diretamente na Corregedoria da Polícia Civil de MS pelo telefone: (67) 3314-1896 ou no GACEP (Grupo de Atuação Especial de Controle Externo da Atividade Policial), do MPMS, pelos telefones (67) 3316-2836, (67) 3316-2837 e (67) 9321-3931.
Fonte: midiamax.com.br
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