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'Sinais anti-ocidentais': China manda mensagem aos EUA e aliados com parada militar validada por Rússia e Coreia do Norte e novidades militares

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Os líderes da Rússia, Vladimir Putin, da China, Xi Jinping, e da Coreia do Norte, Kim Jong-un, durante desfile militar em Pequim, em 3 de setembro de 2025.

Foto: Florence Lo/ Reuters

Ao lado dos seus poderosos aliados — a Rússia e a Coreia do Norte — e munida de novos armamentos, como mísseis de alcance global e armas hipersônicas atualizadas, a China fez nesta quarta-feira (3) o maior desfile militar de sua história

Desfile realizado nesta quarta (3), o maior da história da China, foi marcado por demonstração de poderio militar em Pequim. Evento comemora os 80 anos da derrota do Japão no fim da Segunda Guerra Mundial. Putin e Kim Jong-un participaram da cerimônia

Ao lado dos seus poderosos aliados — a Rússia e a Coreia do Norte — e munida de novos armamentos, como mísseis de alcance global e armas hipersônicas atualizadas, a China fez nesta quarta-feira (3) o maior desfile militar de sua história para mostrar, aos olhos do Ocidente, sua intenção de se tornar uma potência militar ao nível dos Estados Unidos.

Na companhia do presidente russo, Vladimir Putin, e do líder norte-coreano, Kim Jong-un, o presidente chinês, Xi Jinping, quis enviar sinais tanto aos EUA como aos vizinhos Índia e Paquistão de que quer reconfigurar o cenário geopolítico a seu favor.

Em Washington, a mensagem foi ouvida: o presidente norte-americano, Donald Trump, elogiou o desfile, mas acusou Xi, Putin e Kim de usarem o encontro para costurar uma "conspiração" contra os EUA.

Putin negou e desdenhou de Trump. "Ele tem senso de humor", respondeu o líder russo, ao ser questionado sobre a afirmação do norte-americano.

Na Europa, também houve reação. A chefe da diplomacia da União Europeia, Kaja Kallas, afirmou que o encontro dos três durante a parada militar foi um "desafio direto à ordem internacional" que enviou "sinais antiocidentais".

"A guerra da Rússia na Ucrânia conta com o apoio da China. São realidades às quais a Europa deve enfrentar", disse Kallas.

O poderio militar (leia mais abaixo) foi a principal arma sacada por Xi para dar seu recado. Mas não a única: vestindo um terno similar ao traje típico do ex-líder chinês Mao Tsé-tung (veja imagem abaixo), o presidente chinês cumprimentou mais de 20 chefes de Estado que foram à parada militar com frases em inglês, além de outros representantes de governos ocidentais e entidades.

O assessor especial da Presidência brasileira, Celso Amorim, e a ex-presidente Dilma Roussef, atual diretora do chamado Banco do Brics, também participaram do desfile.

Xi chegou ao evento, na Praça da Paz Celestial, em Pequim, acompanhado de Vladimir Putin e Kim Jong-un. Os três caminharam por um tapete vermelho antes de tomar seus lugares, também juntos.

No início desta semana, em uma cúpula regional, o presidente chinês já havia apresentando sua visão de uma nova ordem mundial, pedindo unidade contra a "hegemonia e a política de poder" — numa crítica velada aos Estados Unidos.

Questionado na véspera se via o desfile como um desafio aos EUA, Trump negou e disse manter "uma relação muito boa" com Xi. "A China precisa muito mais de nós do que nós deles", afirmou.

Poder bélico

O desfile marcou os 80 anos da derrota do Japão no fim da Segunda Guerra Mundial.

Pela primeira vez, a China exibiu sua tríade nuclear completa de armas, que podem ser implantadas por terra, mar e ar, incluindo um míssil balístico intercontinental reformulado, o DF-5C, com alcance de 20.000 km, e um novo míssil de longo alcance móvel, o DF-61. Além do nível estratégico, as Forças Armadas chinesas também demonstraram sua determinação em dominar seus mares próximos.

A ampla gama de novas armas pode complicar os planos dos Estados Unidos e seus aliados em qualquer conflito no Leste Asiático, segundo disse à agência de notícias Reuters o professor de Defesa da China James Char, da Escola de Estudos Internacionais S. Rajaratnam, em Singapura.

"A combinação dos drones (marítimos) que eles têm e também dos mísseis criará uma área na qual marinhas estrangeiras não poderão sequer entrar para intervir", disse Char.

De forma mais ampla, Char disse ainda que a China possivelmente também quer em mostrar às nações menores que agora se posicionava como uma "garantidora da paz" em meio a dúvidas sobre o papel político, diplomático e militar dos EUA em todo o mundo.

Durante a cerimônia, Xi Jinping afirmou que o mundo, agora, está diante da escolha entre paz ou guerra.

Em discurso para mais de 50 mil espectadores, Xi afirmou que o povo chinês “permanece firmemente do lado certo da história” e comentou as tensões globais.

“Hoje, a humanidade está diante da escolha entre paz ou guerra, diálogo ou confronto, ganhos mútuos ou soma zero”, afirmou.

O desfile, chamado de "Dia da Vitória", incluiu sobrevoos aéreos, tropas marchando e a apresentação de equipamentos militares de última geração, como mísseis hipersônicos, drones e tanques modernos. Antes do discurso principal, Xi passou em revista as tropas alinhadas em formação.

O presidente da China, Xi Jinping, durante desfile militar que marca o 80º aniversário do fim da Segunda Guerra Mundial, em Pequim, China, em 3 de setembro de 2025. — Foto: REUTERS/Tingshu Wang

Soldados do Exército de Libertação Popular da China (PLA) marcham durante o ensaio para um desfile militar que marca o 80º aniversário do fim da Segunda Guerra Mundial, em Pequim, China, 3 de setembro de 2025 — Foto: REUTERS/Maxim Shemetov

Armas laser de defesa aérea são exibidas durante um desfile militar na China — Foto: REUTERS/Maxim Shemetov

Drones marítimos não tripulados em desfile militar na China — Foto: REUTERS/Tingshu Wang

Pessoas participam de uma cerimônia de hasteamento de bandeira durante um desfile militar para marcar o 80º aniversário do fim da Segunda Guerra Mundial, em Pequim, China, 3 de setembro de 2025 — Foto: REUTERS/Tingshu Wang

Fonte: g1.globo.com

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