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Ucrânia ataca com drones e provoca incêndio em usina nuclear russa

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A Usina Nuclear de Kursk, no oeste da Rússia.

Foto: Shamil Zhumatov/Reuters

Ofensiva marca o Dia da Independência ucraniana em meio a impasse nas negociações de paz e aumenta tensões na fronteira com a Rússia

A Ucrânia lançou neste domingo (24) uma série de ataques com drones contra a Rússia, que provocaram um incêndio em uma usina nuclear. A ação coincidiu com as celebrações do Dia da Independência ucraniana, em um momento de frustração com o avanço das negociações de paz com o governo de Vladimir Putin.

Nos últimos dias, houve intensa movimentação diplomática, incluindo a tentativa do presidente dos EUA, Donald Trump, de intermediar uma reunião entre Putin e Volodymyr Zelensky. Mas, na sexta-feira, Moscou descartou qualquer encontro imediato, esfriando as expectativas.

O conflito, que já dura três anos e meio e deixou dezenas de milhares de mortos, segue praticamente estagnado. Ainda assim, a Rússia tem obtido ganhos pontuais, como a conquista de duas vilas na região de Donetsk.

Como resposta, Kiev intensificou os ataques com drones em território russo. Um deles foi abatido sobre a Usina Nuclear de Kursk, no oeste da Rússia, onde explodiu ao cair e provocou um incêndio.

A administração da usina informou que as chamas foram controladas, sem vítimas ou aumento nos níveis de radiação.

A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) tem reiterado os alertas sobre os riscos de combates próximos a usinas nucleares desde a invasão russa em larga escala, iniciada em fevereiro de 2022.

Moscou relatou ainda a derrubada de drones em regiões distantes da linha de frente, como São Petersburgo. No porto de Ust-Luga, no Golfo da Finlândia, dez drones foram abatidos, mas um deles atingiu um terminal de combustíveis da Novatek, provocando incêndio, segundo o governador regional Aleksandr Drozdenko.

Com um exército menor e menos equipado, a Ucrânia tem feito do uso de drones uma de suas principais estratégias, especialmente contra a infraestrutura de petróleo — alvo considerado vital para reduzir as receitas de guerra de Moscou. Desde o início desses ataques, os preços de combustíveis na Rússia dispararam.

Na madrugada de domingo, a Ucrânia foi alvo de um ataque russo com míssil balístico e 72 drones kamikaze iranianos Shahed. Segundo a força aérea, 48 foram derrubados.

Um ataque com drone matou uma mulher de 47 anos na região de Dnipropetrovsk, de acordo com autoridades locais.

“A Ucrânia é um lutador”

Os ataques deste domingo coincidem com o aniversário da independência ucraniana, conquistada em 1991 com a dissolução da União Soviética.

“É assim que a Ucrânia reage quando seus apelos por paz são ignorados”, disse Zelensky em discurso.

“Hoje, tanto os EUA quanto a Europa reconhecem: a Ucrânia ainda não venceu, mas certamente não perderá. Nossa independência está garantida. A Ucrânia não é vítima; é um lutador.”

O primeiro-ministro do Canadá, Mark Carney, participou das comemorações em Kiev e defendeu “uma paz justa e duradoura para a Ucrânia”. Zelensky agradeceu também pelas mensagens enviadas por líderes como Trump, o presidente chinês Xi Jinping, o rei Charles e o papa.

Atualmente, a Rússia controla cerca de um quinto do território ucraniano, incluindo a Crimeia, anexada em 2014. O conflito já forçou milhões a deixarem suas casas e devastou cidades e vilarejos no leste e no sul do país.

Apesar dos apelos do Ocidente e de Kiev por um cessar-fogo imediato, Putin tem rejeitado qualquer acordo sem condições.

Na sexta-feira (22), o chanceler russo Sergei Lavrov confirmou que não há reunião prevista entre Putin e Zelensky. Para Zelensky, Moscou quer apenas ganhar tempo e prolongar a guerra.

Fonte: g1.globo.com

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