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Para deputado, Morenão precisa de projeto e orçamento equilibrados

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Deputado Pedrossian Neto lidera iniciativa para discutir a reabertura do Morenão e devolver ao Estado um palco para o futebol.

Foto: Gerson Oliveira / Correio do Estado

Parlamentar que lidera iniciativa de reabertura diz que próximo passo é a finalização de estudos técnicos

Espaço interditado desde 2022, a reabertura do Estádio Morenão deve passar por um equilíbrio entre projeto e orçamento, é o que declarou ao Correio do Estado o deputado Pedro Pedrossian Neto, peça da engrenagem que pretende reativar o local.

Entre os próximos passos está a finalização dos estudos técnicos contratados pela Agência Estadual de Gestão e Empreendimentos (Agesul). A expectativa é de que até o fim deste mês esses dados sejam entregues ao governo do Estado e à Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS). Só com esses números em mãos, segundo o deputado, será possível dimensionar o tamanho do investimento necessário para a reabertura parcial do estádio. Há especulações de que os valores possam variar entre R$ 10 milhões e R$ 40 milhões, mas o deputado acredita que a cifra real será mais modesta.

“Tudo depende do que for proposto. Se for uma reforma básica para reabrir parte do estádio, é viável. Mas, se começarem a querer fazer tudo do melhor padrão, com arquibancadas novas, cobertura, acessibilidade total, aí o custo sobe muito. O desafio é equilibrar o projeto com o orçamento possível”, explicou.

O impasse em torno da reforma e da concessão do espaço se mantém entre representantes do governo do Estado e da UFMS. Passadas três audiências públicas, o deputado estadual à frente da articulação falou sobre o histórico das discussões e apontou os principais entraves que ainda emperram o avanço do projeto de revitalização do estádio. 

O processo de reabertura teve início com um aporte de recursos estaduais, repassados à UFMS via Fundação de Apoio à Pesquisa, ao Ensino e à Cultura (Fapec), para uma reforma inicial. Em função da lentidão das obras, houve rescisão de contrato com a empresa responsável e os valores foram devolvidos ao governo do Estado.

De acordo com o deputado, neste momento, os impasses se concentram em exigências feitas pela UFMS.

Segundo Pedrossian Neto, a universidade quer garantir o direito de utilizar a arena para eventos universitários, receber eventual pagamento de outorga, caso haja, manter o Memorial do Futebol e o Museu da Ciência existentes no local, além de querer que a manutenção do estádio seja assumida pelo Estado logo após a assinatura do convênio, algo que, segundo o deputado, o governo rejeita, pois pretende transferir essa responsabilidade a uma futura empresa concessionária por meio de uma parceria público-privada (PPP).

“O governo quer apenas o instrumento jurídico para começar o projeto da PPP. Não pretende assumir a manutenção do estádio por conta própria”, resumiu o deputado. Ele destacou que a Agesul já contratou uma empresa para realizar o orçamento de uma reforma parcial, que incluiria apenas parte da arquibancada coberta, com 12 mil lugares. Dois terços do estádio permaneceriam intocados.

Segundo o deputado, reabrir o estádio, ainda que parcialmente, é crucial para demonstrar ao mercado que existe público interessado, condição essencial para atrair investidores. “Se não abrir o estádio para ter público, para mostrar até mesmo para o investidor externo que tem torcedor aqui, ninguém vai se interessar por esse equipamento”, alertou.

Há expectativas de que a concessão tenha prazo de 35 anos, com modelo semelhante ao de arenas multiúso como o Allianz Parque, em São Paulo. Apesar do histórico de interdição, desde 2022, há investidores interessados, segundo relatos obtidos pelo parlamentar, que citou o show do Guns N’ Roses, que deve acontecer no último trimestre deste ano em Cuiabá, com arrecadação global estimada em R$ 20 milhões.

Em relação a prazos, o deputado foi cauteloso. Embora exista expectativa de reabertura parcial em janeiro de 2026, ele considera improvável que isso ocorra. “É melhor não criar expectativa aos torcedor. O setor público é lento, tudo depende da conclusão do estudo da empresa contratada pela Agesul”, afirmou.

Ele reforçou que é fundamental evitar que o estádio se deteriore ainda mais. “Se passarem mais 15 anos nesse abandono, vai chegar o dia em que alguém vai propor implodir tudo para construir um menor. Precisamos evitar isso com urgência”, concluiu.

Além da mobilização política e institucional, o deputado destacou que o projeto de concessão do Morenão deve ser estruturado com foco em viabilidade econômica e urbanística. Para ele, não se trata apenas de revitalizar uma praça esportiva, mas de transformá-la em um equipamento multifuncional, capaz de gerar receitas contínuas e fomentar o desenvolvimento do entorno.

“Hoje em dia, uma arena moderna não sobrevive só com futebol. Ela precisa estar integrada a um plano de negócios mais amplo, que envolva shows, eventos culturais, comércio e até mesmo empreendimentos imobiliários no entorno, como shoppings e edifícios corporativos”, afirmou. 

Segundo o parlamentar, a concessão deverá atrair empresas especializadas em gestão de estádios e eventos, e não necessariamente grandes indústrias ou players do agronegócio. “É um negócio de gestão de ativos urbanos, não faz sentido imaginar que empresas como a Suzano, por exemplo, que atuam em outro setor, venham gerir um estádio. Elas podem até patrocinar, mas a operação precisa estar nas mãos de quem entende desse mercado”, explicou.

Um ponto sensível ainda em debate é o espaço físico ocupado pelo Morenão dentro da UFMS. Por estar localizado dentro de uma universidade pública, toda e qualquer intervenção estrutural depende de negociação com a instituição. Há limitações para grandes obras no entorno, o que pode interferir na atratividade do projeto para investidores interessados em construir áreas comerciais anexas ao estádio.

Nesse sentido, o deputado defende que o bom senso prevaleça. “A reitora Camila Ítavo tem colaborado, não tem criado entraves. Mas é preciso que as condições do convênio sejam razoáveis para ambas as partes. Se a universidade impuser muitas restrições, o projeto não vai decolar. Nenhum concessionário vai aceitar um modelo engessado com obrigações e sem margem de receita”, ponderou.

Crise esportiva

O deputado reconheceu que a crise do futebol sul-mato-grossense está diretamente ligada à má gestão da Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul (FFMS), envolvida em casos de corrupção, o que, segundo o deputado, gerou descrédito, afastamento de patrocinadores e queda no rendimento esportivo dos clubes. “Se você não tem estádio, ninguém investe em time. Sem time forte, não há torcida, não há TV, não há patrocínio. É preciso reverter isso com uma arena moderna, que resgate a autoestima do nosso esporte”, argumentou.

No campo político, Pedrossian Neto reconhece que o tema pode ser explorado tanto positiva quanto negativamente nas eleições de 2026, já que o avanço ou o fracasso do projeto será interpretado como “reflexo da atuação do governo estadual na área esportiva”. Para mobilizar apoio popular, lembrou da campanha Morenão Reaberto Já, da qual participaram dirigentes de clubes e ex-atletas. 

Fonte: correiodoestado.com.br

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