Em 42 dias deste ano, 15 pessoas morreram em confronto com a polícia em Mato Grosso do Sul, desse total, ao menos sete mortes ocorreram em ações em que o Batalhão de Choque da Polícia Militar esteve presente.
Um levantamento realizado pelo Correio do Estado constatou que a maioria dos óbitos aconteceram em áreas mais pobres, tanto na Capital, quanto no interior do Estado, assim como verificou que grande parte dos casos se atrelam a trocas de tiros, onde apenas os suspeitos acabaram mortos, ou a justificativas pouco fundamentadas por parte da polícia, em que pese que a maioria dos mortos em confronto tinham passagens pelo sistema penitenciário.
Desde o início do ano, já são nove mortes em Campo Grande, duas em Dourados, além de mortes em Itaporã, Rio Verde de Mato Grosso, Coxim e Três Lagoas.
Na noite do último dia 9, Luca Henrique Jensen, de 23 anos, conhecido como “Magnata” foi morto pelo Batalhão de Choque em Coxim, após reagir a uma abordagem e disparar uma arma de fogo contra a polícia, que revidou e feriu o jovem. Segundo a polícia, ele foi socorrido e encaminhado ao hospital, mas não resistiu aos ferimentos. No local, os agentes apreenderam uma arma, que seria utilizada em um ataque contra uma facção rival.
Segundo a polícia, Magnata integrava o Primeiro Comando da Capital e era monitorado pelo setor de inteligência por sua atuação em Sonora.
No dia 23 de janeiro, Henrique Passos, de 23 anos, também morreu em confronto com policiais do Batalhão de Choque durante a madrugada, no Bairro Portal Caiobá, em Campo Grande.
Suspeito de roubar um Jeep Renegade, ele estava em um veículo que tinha as mesmas identificações do carro roubado, ignorou ordem de parada e atirou contra os policiais, que, segundo o boletim de ocorrência, diante da ameaça, atingiram o jovem no torax, o encaminharam ao hospital regional, contudo, ele não sobreviveu aos ferimentos e morreu.
Baleado por agentes do Batalhão de Choque ao reagir uma abordagem no dia 12 de janeiro, Bruno Allef Bibiano Cristaldo, de 31 anos, também morreu durante um confronto no Bairro Nova Lima.
Ele foi encaminhado ao hospital após ignorar uma ordem de parada e ser atingido pelos policiais, entretanto não resistiu aos ferimentos. Bibiano era apontado como um dos envolvidos no assalto que culminou na morte do policial militar Valdir Antunes de Oliveira, 41 anos, em julho de 2014.
No último dia 2, Luiz Kaio Gersino dos Santos, de 24 anos, Tainara Gonçalves Machado, 24, e um menor de 16 anos, morreram em um confronto após assaltarem uma joalheria e fazerem um ourives refém na Rua 15 de Novembro, região central de Campo Grande.
Segundo a Polícia Militar, diante da ocorrência, agentes do Batalhão de Choque vistoriaram os telhados das demais lojas que compõem o centro comercial de Campo Grande, e viram os suspeitos pelos fundos do que seria uma loja de malhas.
Com o uso de lanternas, tentaram localizar o trio no meio da escuridão, momento em que notaram as armas de fogo. Conforme o Batalhão de Choque, "diante da injusta e iminente agressão ofertada aos policiais", o emprego da força letal foi "necessário" para impedir também que algum agente saísse ferido ou morto da ocorrência.
"Importante registrar que os policiais, antes de qualquer emprego letal, verbalizaram de forma concisa determinando a imediata rendição dos envolvidos, porém, ao contrário do esperado, foram gravemente afrontados com as armas em riste prontas para serem utilizadas", disse o Batalhão de Choque à época.
Interior Em Rio Verde de Mato Grosso, Marcos Eduardo de Aguilera e Silva, de 41 anos, foi morto após tentar atingir policiais com uma faca durante um surto no dia 2 de janeiro último. Donizete Mário dos Santos, de 37 anos, morreu após atirar contra a polícia no Jardim Água Boa, área periférica de Dourados.
João Pedro Vieira dos Santos, de 25 anos, morreu em confronto com policiais da Força Tática e do Grupo Especial Tático de Motos (Getam) na noite do último sábado (8) dentro de condomínio em Três Lagoas.
O jovem tinha diversas passagens pela polícia, estava foragido, e morreu após ignorar ordem de parada, sendo atingido pela polícia.
Também morreram Marcos Jair Dias, 49; Clayton Souza de Lima, 40; Lucas Mendes de Oliveira, 33; Wellington Wagner Silva de Souza, 24; Leonardo Diego Fagundes Lourenço, 35 e Alessandro Rodrigues da Rosa, 33.
Retrospecto Desde primeiro de janeiro de 2023, quando Eduardo Riedel (PSDB) assumiu o Governo do Estado, até o fim de 2024, 217 pessoas morreram em Mato Grosso do Sul em decorrência da chamada “intervenção policial”. O número supera as 200 mortes provocadas por policiais ao longo dos quatro anos da gestão anterior, do também tucano Reinaldo Azambuja.
Nos supostos confrontos que resultaram na morte de 217 pessoas desde o começo do ano passado, nenhum policial foi morto. Não existe registro nem mesmo de ferimento. Disparos ou danos contra viaturas foram menos de meia dúzia.
Fonte: correiodoestado.com.br
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