Durante a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS realizada nesta quinta-feira (25), a senadora sul-mato-grossense Soraya Thronicke (Podemos) foi flagrada recebendo informações e repassando ao advogado Murilo de Oliveira, que faz parte da defesa do empresário Antônio Carlos Camilo Antunes, o “Careca do INSS”.
Nas imagens, a senadora aparece enviando uma mensagem de áudio pelo celular e, logo em seguida, se dirige ao advogado e fala algo em seu ouvido. Soraya também aparece dizendo algo ao advogado principal da defesa, Cleber Lopes.
O registro aconteceu quando a sessão iniciava um momento tenso, ondeo deputado federal Zé Trovão (PL-SC) afirmou que Antunes era o “autor do maior roubo aos aposentados e pensionistas”. A declaração fez com que o advogado Cleber Lopes iniciasse uma discussão com o relator, juntamente com outros deputados e senadores que entraram no embate.
O alvoroço levou à suspensão da sessão por cerca de dez minutos. O presidente da sessão, o deputado Duarte Júnior (PSB-MA) tentou conter os ânimos exaltados, mas não teve sucesso.
Durante o bate-boca, Zé Trovão se levantou da bancada onde estava sentado e foi em direção à mesa principal onde estavam o relator, o presidente da sessão, bem como o depoente e sua defesa, apontando o dedo ao advogado com quem discutia.
A Polícia Legislativa foi acionada e Duarte Jr. anunciou a suspensão da sessão.
A assessoria de Soraya afirmou ao Correio do Estado que a senadora aparece tentando “apaziguar os ânimos” dos envolvidos no momento da confusão.
“O que ocorreu foi uma confusão entre o advogado do depoente e alguns parlamentares, inclusive o relator da CPMI – situação que, infelizmente, tem se repetido em algumas audiências. A senadora Soraya, que também é advogada, atuou no sentido de mediar e apaziguar os ânimos, buscando garantir tanto o respeito às prerrogativas da defesa quanto a atuação legítima dos parlamentares. Assim como outros membros da comissão intervieram, a senadora conversou com o advogado para ajudar a restabelecer a ordem”.
Também acrescentou que a senadora teria pedido ao advogado para que eles não se ausentassem da sessão, já que teria havido um pedido para que o depoente fosse recolhido.
Ambiente hostil
Em entrevista, após o término da sessão, Thronicke afirmou que o ambiente da CPMI está sendo marcado por desrespeito e abuso de autoridade.
“Eu como advogada, eu me sinto muito mal em relação a todo esse desrespeito que não acontece conosco sequer em nenhum tribunal de nenhuma instância desse país. Mas aqui o ambiente está muito hostil. Fala-se muito em direitos humanos, respeito ao devido processo legal, ao direito de ampla defesa, para uns. Mas a gente percebe que tem muita gente aqui que trabalha com uma seletividade incrível”, contou.
Soraya também afirmou que mesmo que tenham ocorrido crimes, os mesmos estão sendo investigados e passando pelo procedimento normal de um processo que ainda não teve nem o trâmite em julgado da sentença condenatória.
“Tudo tem que ser respeitado, mas nós julgamos os fatos. Então, adjetivar as pessoas não é um ato técnico, de nenhum juiz, de nenhum promotor”.
A senadora alegou que, por causa do abuso de autoridade que tem sido frequente, tanto de advogados mal orientados e parlamentares que ignoram suas assessorias, o andamento da sessão é prejudicado pois “tira a credibilidade”.
“Não são todos os parlamentares que têm formação jurídica, eu entendo, mas, apesar de tudo, as assessorias estão aqui para orientar os parlamentares, os próprios advogados sequer são orientados da forma como eles podem agir. Então está tendo também abuso de autoridade por parte de parlamentares daqui, que o advogado, se fosse eu, daria voz de prisão pro parlamentar desse”, finalizou.
Fonte: correiodoestado.com.br
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