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Kast adota o tom conciliador e reduz expectativas sobre mudanças radicais no Chile

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Antonio Kast e sua esposa, María Pía Adriasola, na comemoração após eleição presidencial do Chile.

Foto: Eitan Abramovich/AFP

Primeiro presidente eleito de extrema direita, ele terá que costurar acordos para levar adiante projetos de cortes de gastos e combate ao crime e à imigração irregular

Presidente eleito do Chile com 17 pontos de vantagem, o ultradireitista José Antonio Kast consolidou sua campanha no combate ao tripé imigração-criminalidade-baixo crescimento econômico, para obter do eleitor um voto menos ideologizado e mais pragmático.

Nesta terceira campanha para a Presidência, Kast moderou o tom, distanciou-se do habitual apoio à ditadura de Pinochet e concentrou-se em temas mais caros aos chilenos.

Kast foi bem-sucedido nesta empreitada que alçou a extrema direita ao poder pela primeira vez desde a redemocratização do país. A lavada de votos sobre sua adversária, a comunista Jeannette Jara, não diminui, contudo, os desafios que o futuro presidente terá pela frente.

Ele enfrentará um Parlamento fragmentado e sem maioria, que vai requerer costuras políticas para levar adiante seus projetos de combate ao crime e ao controle da imigração e de cortes de gastos públicos. Durante a campanha, o presidente eleito insistiu no objetivo de expulsar estrangeiros sem residência legal. “Se eles não saírem voluntariamente, nós os encontraremos e os deportaremos.” Inspirado no modelo trumpista, prometeu construir um muro na fronteira com a Bolívia.

Kast se escorou no descontentamento popular com a segurança e defendeu a construção de megaprisões, como em El Salvador, de Nayib Bukele, de quem se declara admirador. Embora o Chile seja o quarto país mais seguro da América Latina, segundo o Índice Global da Paz 2025, 87% dos chilenos dizem perceber um aumento da criminalidade no último ano.

No discurso de vitória, ele se mostrou conciliador e reduziu as expectativas sobre mudanças rápidas e radicais. Católico fervoroso, pai de nove filhos, pareceu deixar de lado os prognósticos de uma possível guerra cultural no país. Ao contrário, pediu apoio da oposição para governar e liderar um governo de emergência, sinalizando que não promoverá a ruptura institucional.

Com 24% dos votos no primeiro turno, Kast venceu neste domingo com o respaldo de uma grande coalizão da direita e pareceu estar consciente de que grande parte de seus votos lhe foi emprestada. Por isso, tratou de calibrar o discurso:

“Tenho que ser muito honesto desde o primeiro dia, aqui não há soluções mágicas. Não se muda tudo de um dia para o outro, mas as soluções podem melhorar. Recuperar o país requer o esforço de todos.”

Fonte: g1.globo.com

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