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Rússia acusa EUA de instalar mísseis na Europa e rompe promessa militar: 'Espere novas medidas'

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Míssil intercontinental balístico russo Yars é lançado em exercício de guerra nuclear em Plesetsk, em 2022.

Foto: Ministério da Defesa da Rússia/AP Photo

Promessa russa de não instalar mísseis dependia de ação recíproca dos EUA. Agora, Moscou afirma que não há mais motivos para manter o compromisso

A Rússia indicou nesta segunda-feira (4) que pode voltar a instalar mísseis de curto e médio alcance e acusou os Estados Unidos de posicionar armas semelhantes na Europa e na região Ásia-Pacífico. Em comunicado, o governo russo anunciou que está abandonando formalmente uma moratória que impedia essa ação.

Segundo o Ministério das Relações Exteriores da Rússia, após a movimentação dos EUA, “deixaram de existir as condições” para manter a suspensão que vinha sendo seguida por vontade própria.

O ex-presidente Dimitri Medvedev, atual vice-presidente do Conselho de Segurança da Rússia, culpou os países que integram a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) pela mudança de posição.

“A declaração do Ministério das Relações Exteriores da Rússia sobre a retirada da moratória sobre a implantação de mísseis de médio e curto alcance é resultado da política antirrussa dos países da OTAN", escreveu ele na rede social X.

“Essa é a nova realidade com a qual nossos oponentes terão que lidar. Espere novas medidas.” A moratória havia sido adotada pela Rússia em 2019, após os Estados Unidos deixarem o Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermediário (INF), assinado em 1987. O acordo proibia o uso de mísseis com alcance entre 500 e 5.500 km e foi um marco no desarmamento entre Moscou e Washington.

Em 2019, os EUA acusaram a Rússia de violar o tratado ao desenvolver o míssil 9M729, que teria alcance de até 1.500 km. Moscou negou a violação, mas seguiu Washington e também deixou o acordo.

Pouco depois, a Rússia propôs manter uma moratória voluntária, prometendo não instalar esse tipo de arma. A condição era que os EUA também não instalassem.

Prudência

A Rússia pediu “grande prudência” nas declarações sobre armas nucleares após o anúncio do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre o envio de dois submarinos nucleares.

O porta-voz russo, Dmitry Peskov, afirmou que todos devem ser “muito, muito prudentes” ao falar do tema. Ele minimizou a ação americana, dizendo que esses submarinos “já estão em serviço” de forma permanente e que a Rússia não vê isso como uma escalada na tensão nuclear.

“Não queremos ser arrastados para esse tipo de polêmica”, acrescentou Peskov. Trump anunciou o envio dos submarinos na sexta-feira (1º), depois de uma troca de ameaças com Medvedev. O presidente americano não revelou para onde os submarinos foram enviados nem se eles têm ogivas nucleares.

A Marinha dos EUA opera 71 submarinos com propulsão nuclear, incluindo 14 com mísseis balísticos nucleares.

Nos últimos meses, Trump adotou uma postura mais conciliadora com Vladimir Putin, mas também expressou frustração e ameaçou novas sanções caso a Rússia não encerre a guerra na Ucrânia.

Em meio a essa escalada, o enviado especial de Trump, Steve Witkoff, deve visitar Moscou ainda esta semana, antes do prazo dado ao governo russo para encerrar o conflito, que termina em 8 de agosto.

Fonte: g1.globo.com

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