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Rússia e Ucrânia fazem 1º encontro após início da guerra e anunciam maior troca de prisioneiros, mas não avançam em cessar-fogo

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Delegações da Rússia e da Ucrânia durante reunião para tentar um acordo de cessar-fogo, em Istambul, na Turquia, em 16 de maio de 2025.

Foto: Ramil Sitdikov/ Sputnik Pool Foto via AP

Sem Putin nem Zelensky, delegações dos dois países decidem fazer maior troca de prisioneiros e voltar a se reunir para debater cessar-fogo

Sem Putin e sem Zelensky, delegações da Ucrânia e da Rússia se reuniram nesta sexta-feira (16), em Istambul, para o primeiro cara a cara direto na tentativa de coloca um fim na guerra na Ucrânia. Sem cessar-fogo, os dois lados concordaram em uma troca histórica de prisioneiros.

As comitivas dos dois países não fecharam um acordo para um cessar-fogo, como queria a Ucrânia, mas a Rússia se disse "satisfeita" e afirmou que, agora, cada lado apresentará "sua visão para um futuro cessar-fogo". Os dois lados, afirmou ainda Moscou, chegaram a um entendimento para "continuar as negociações".

Apesar das incertezas por conta da ausência dos dois presidentes, as delegações conseguiram sair do encontro com um acordo fechado: ambos farão a maior troca de prisioneiros desde o início da guerra. Segundo o ministro da Defesa ucraniano, que liderou a comitiva de seu país, cada lado devolverá 1.000 presos com nacionalidade do país inimigo. O governo russo confirmou a informação.

Segundo Kiev, os dois lados discutiram um cessar-fogo, mas sem resolução final, como queria o governo ucraniano, e falaram também da possibilidade de um novo encontro com a presença dos dois presidentes. De qualquer maneira, as comitivas disseram que voltarão a se reunir em breve.

O encontro, marcado pela ausência dos dois líderes, aconteceu em Istambul, na Turquia, e durou menos de duas horas.

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, disse que sua comitiva tinha autorização para tomar decisões e foi ao encontro pedindo um cessar-fogo imediato. Após o fim do encontro, Zelensky afirmou que seu país "está pronto para um rápido cessar-fogo".

O líder ucraniano voltou a criticar a comitiva russa e disse sua delegação foi ao encontro "para pelo menos descobrir se aqueles russos realmente tinham condições de decidir alguma coisa".

"Todos perceberam que a delegação russa em Istambul era de nível muito baixo. Nenhum deles era realmente alguém que toma decisões na Rússia. Mesmo assim, enviei nossa equipe, liderada pelo Ministro da Defesa da Ucrânia, para pelo menos descobrir se aqueles russos realmente tinham condições de decidir alguma coisa", disse Zelensky.

A conversa aconteceria na quinta-feira (15), mas foi adiada após incertezas sobre a presença dos dois líderes. Mas a ausência dos presidentes Vladimir Putin e Volodymyr Zelensky dificultou a obtenção de um acordo, apesar da pressão da comunidade internacional por um cessar-fogo.

Sem os líderes, as discussões, mediadas pelo ministro turco das Relações Exteriores, Hakan Fidan, terão agora a participação do secretário de Estado americano, Marco Rubio, do embaixador dos Estados Unidos em Ancara, Tom Barrack, e do representante especial dos EUA para a Ucrânia, Keith Kellogg.

A Ucrânia enviou o chefe do gabinete presidencial, Andriy Iermak, e os ministros da Defesa e das Relações Exteriores, Roustem Oumerov, além de Andriy Sybiga, segundo fontes do Ministério das Relações Exteriores da Turquia.

A prioridade de Kiev é obter um "cessar-fogo incondicional" de Moscou, disse Iemark na sexta-feira antes das negociações. "A delegação ucraniana está hoje em Istambul para chegar a um cessar-fogo incondicional: esta é a nossa prioridade", disse Andriy Yermak, braço direito de Volodymyr Zelensky. O secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, que chegou a Istambul na manhã desta sexta, afirmou não ter "grandes expectativas". Ele reconheceu que a equipe russa enviada por Vladimir Putin está "abaixo do nível esperado".

Para o presidente dos EUA, Donald Trump, "nada vai acontecer" enquanto ele e o presidente russo "não estiverem juntos". Já Zelensky acusou os russos de não levarem as negociações "a sério".

A delegação russa foi liderada por Vladimir Medinski, ex-ministro da Cultura e atual conselheiro de Putin, considerado pouco influente no governo. O presidente russo chegou a propor negociações diretas, mas, após ser desafiado por Zelensky a comparecer pessoalmente a Istambul, desistiu do encontro.

Trump, que pressiona os dois países por um acordo de paz, afirmou na quinta-feira (15) que poderia viajar à Turquia nesta sexta-feira, caso houvesse progresso nas negociações.

Possíveis compromissos

Na quinta-feira, Zelensky disse que delegação russa não passava de "fachada" e que foi chamado de “palhaço” pelos representantes russos.

Medinski, o chefe da delegação russa, defende que as novas conversas sejam uma continuação das negociações bilaterais iniciadas em 2022.

Ele afirmou estar disposto a "possíveis compromissos", sem dar maiores detalhes, e garantiu que sua delegação tem "todas as prerrogativas" para tomar decisões — o que Zelensky questiona.

Desde o início da invasão, o Kremlin exige que a Ucrânia renuncie à adesão à Otan, abandone quatro regiões parcialmente controladas pela Rússia, incluindo a Crimeia, anexada em 2014, e interrompa o recebimento de armas ocidentais.

Zelensky foi recebido na quinta-feira (15) em Ancara pelo presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, e reiterou estar "pronto" para negociações diretas com Putin. Ele disse que a ausência do presidente russo era "uma falta de respeito" em relação a Trump e Erdogan.

Cúpula da UE na Albânia

Na quinta-feira, o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, afirmou que Putin deve "pagar o preço por sua recusa em obter a paz", antes de participar da cúpula da Comunidade Política Europeia (CPE), realizada na Albânia nesta sexta-feira.

O evento reúne líderes de 47 países europeus, incluindo Starmer, o presidente francês Emmanuel Macron, o chanceler alemão Friedrich Merz, a presidente da Comissão Europeia Ursula von der Leyen e o secretário-geral da OTAN, Mark Rutte.

A diplomacia europeia e Kiev pediram um cessar-fogo imediato como pré-condição para qualquer diálogo com Moscou. A proposta é rejeitada pela Rússia — o país argumenta que uma trégua permitiria à Ucrânia se rearmar com apoio ocidental. Os combates continuaram na noite de quinta-feira em ambos os lados da fronteira. Moscou afirmou ter conquistado duas novas cidades na região de Donetsk, no leste da Ucrânia, e atualmente controla cerca de 20% do território ucraniano.

Fonte: g1.globo.com

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