Notícia

Suprema Corte da Argentina determina prisão de Cristina Kirchner; condenação é política, diz ex-presidente

Compartilhar:
Cover Image

Cristina Kirchner discursa para apoiadores após decisão da Suprema Corte, em 10 de junho de 2025.

Foto: REUTERS/Tomas Cuesta

Juízes rejeitaram recurso para anular condenação com pena de seis anos, nesta terça-feira (10). Por ter mais de 70 anos, ex-presidente pode pedir prisão domiciliar

A Suprema Corte de Justiça da Argentina determinou nesta terça-feira (10) a prisão da ex-presidente Cristina Kirchner. Os juízes rejeitaram um recurso que tentava anular uma condenação a seis anos de prisão por corrupção.

Com a decisão, Cristina tem cinco dias úteis para se apresentar voluntariamente para ser presa e ficará inelegível para cargos públicos pelo resto da vida. Por ter mais de 70 anos, ela pode requerer o cumprimento da pena em regime domiciliar.

A ex-presidente recebeu o resultado da decisão na sede do Partido Justicialista, em Buenos Aires. Após o anúncio da Suprema Corte, a esquerdista fez um discurso para apoiadores que se aglomeraram em frente ao edifício.

Durante sua fala, Cristina afirmou que é alvo de uma perseguição política e disse que a sentença já estava escrita. Ela também chamou os juízes que confirmaram sua condenação de “fantoches”.

"Esta Argentina em que vivemos hoje nunca deixa de nos surpreender", afirmou. "Não se confundam. [Os juízes] são três fantoches que respondem a líderes naturais muito acima deles", disse. Cristina também criticou o governo de Javier Milei e afirmou que o atual presidente está promovendo um desmonte em setores como economia e educação. Segundo ela, sua própria prisão não mudará a situação dos argentinos, mas será seu "testemunho de dignidade política e histórica".

"Podem me prender, mas as pessoas continuam recebendo salários miseráveis ou perdendo o emprego, as aposentadorias vão continuar insuficientes e não vão chegar ao fim do mês, e os remédios estão cada vez mais caros."

A condenação da ex-presidente já havia sido confirmada por duas instâncias da Justiça argentina. Cristina, no entanto, aguardava em liberdade a análise do recurso apresentado à Suprema Corte.

Na segunda-feira (9), diante da possibilidade de prisão, a ex-presidente convocou apoiadores a se mobilizarem e irem às ruas contra a decisão. Segundo o jornal Clarín, há bloqueios em rodovias que dão acesso à cidade de Buenos Aires.

Na semana passada, Cristina havia anunciado a intenção de disputar as eleições legislativas de setembro, tentando uma vaga como deputada pela província de Buenos Aires. Com a rejeição do recurso, ela não poderá concorrer.

Cristina Kirchner governou a Argentina por dois mandatos, entre 2007 e 2015. Mais tarde, foi vice-presidente durante o governo de Alberto Fernández, de 2019 a 2023.

O caso

Cristina foi condenada por favorecer Lázaro Báez, dono de uma empreiteira e amigo do casal Kirchner. Segundo a denúncia, o empresário venceu 51 licitações para obras públicas, muitas delas superfaturadas e sequer concluídas.

De acordo com a acusação, após vencer as licitações, Báez repassava parte dos recursos públicos das obras para Cristina e seu marido, Néstor Kirchner — que governou a Argentina entre 2003 e 2007.

A ex-presidente foi acusada de chefiar uma organização criminosa e de conduzir uma administração fraudulenta ao longo de 12 anos, período que inclui o governo de Néstor e os dois mandatos dela. O esquema teria causado um prejuízo de US$ 1 bilhão aos cofres públicos.

Cristina nega todas as acusações e afirma que o tribunal já tinha a sentença pronta desde o início do processo. Quando foi condenada em primeira instância, ela disse que a Justiça agia como um “pelotão de fuzilamento”.

Além da ex-presidente, Báez e outras duas pessoas também foram condenados a seis anos de prisão. Néstor Kirchner morreu em 2010.

Fonte: g1.globo.com

Compartilhar:

Comentários

sem comentários

Faça login ou cadastro para poder comentar

MATÉRIAS RELACIONADAS

Cover Image

Fechamento do aeroporto de Heathrow, em Londres, provoca efeito cascata e caos na aviação global

Fechamento afetará pelo menos 1.351 voos de entrada e saída do aeroporto, de acordo com o Flightradar24; polícia antiterrorismo lidera investigação sobre incêndio que causou fechamento

Saiba mais
Cover Image

Japão propõe ações para acelerar abertura comercial à carne brasileira

O primeiro-ministro do Japão, Shigeru Ishiba, propôs ações para acelerar a abertura do mercado japonês à carne bovina do Brasil

Saiba mais
Cover Image

Três mortos e ao menos 28 feridos em ataque russo no Leste da Ucrânia

Segundo o prefeito de Dnipró, 15 edifícios foram danificados pela ação russa

Saiba mais
Cover Image

Musk chama de 'repugnante' projeto de lei orçamentária de Trump: 'Não aguento mais'

Bilionario criticou o plano em post no X, nesta terça-feira (3). Na semana passada, ele já havia reclamado do projeto durante uma entrevista, um dia antes de deixar o cargo na Casa Branca

Saiba mais
Cover Image

Após críticas de Milei ao Mercosul, Lula diz que estar no bloco 'protege' os países

Presidentes dos dois países têm visões antagônicas sobre bloco econômico. Lula participa, em Buenos Aires, da reunião de cúpula. Ao fim do encontro, Lula recebeu de Milei o comando do grupo pelos próximos seis meses

Saiba mais
Cover Image

ONG denuncia manipulação em relatório dos EUA sobre direitos humanos

Nos casos do Brasil e da África do Sul, onde há governos atacados pela Casa Branca, os dados apontam uma piora do cenário

Saiba mais